Friday, December 25, 2015

felize navidao







Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos –
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos –
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai –
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte –
De repente nunca mais esperaremos…
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensament  



                                  Vinícius de Moraes-                           





trans.


For that were we made:
To remember and be remembered
To weep and make weep
To bury our dead –
That is why we have long arms for farewells
Hands to receive what is given
Fingers to dig the earth.

Thus shall be our life:
One afternoon always forgetting
A star disappearing into the darkness
A path between two tombs –
That is why we must keep vigils
Speak in low voices, tread lightly, gaze
The night sleeping in silence.

There is not much to say:
A song over a cradle
A poem, perhaps, of love
A prayer for  those who leave –
But may that hour not forget
And may for this our hearts
Be left grave and simple.

For that were we made:
To have hope in the miracle
To take part in poetry
To see the face of death –
And suddenly we will no longer hope…

Today the night is young;
 of death we merely are
Born, immensely.







......


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